Silenciar é preciso! É este
lembrete que me vem à memória corriqueiramente. Entretanto, como boa mulher que
sou, insisto em dar chances, em ir distribuindo pedacinhos da minha confiança,
como quem pega moedas na mão, as contas e as entrega para pagar o valor devido.
É bem assim a minha relação de
confiança com as pessoas. Vou distribuindo as moedas à minha maneira e conforme
os critérios que são estabelecidos por mim mesma e, pouco a pouco, as encho daquilo que é precioso para mim.
Confesso que, algumas pessoas não conseguiriam nem andar de tão pesadas que
estariam se soubessem o tanto de moedas que para elas eu distribuo, mas, por
outro lado, existem aquelas que tratariam de ir embora logo se soubessem que,
de mim, não tem uma moeda se quer.
Porém, como não se pode e nem se
consegue selecionar o tempo todo, existem aquelas para quem eu simplesmente
baixo a guarda e dou uma quantia de moedas de uma vez, para ver o que elas serão capazes de fazer com tudo aquilo. E, por incrível que pareça, são justamente
essas, aquelas para quem eu faço questão de pular a fase inicial – a fase de
uma moeda por vez – que me mostram que eu não deveria nem ter perdido o meu
tempo achando que elas eram merecedoras de recebê-las.
Então, eu levanto a guarda e
visto a minha armadura novamente, porque algumas pessoas simplesmente te
lembram o tempo todo que você não pode contar com elas, não pode se abrir com
elas, te lembram que silenciar é preciso.
E aí você me pergunta: "O que acontece com as
moedas?!" Ah, as moedas à esta altura, encontram-se todas no chão, jogadas ao
relento por não terem sido valorizadas como deveriam. Mas quanto a isso não há
problema! Lá vou eu pegá-las, uma a uma, porque, para mim, elas são valiosas demais
para serem desprezadas desta maneira. Eu as juntos e as guardo novamente, para poder distribui-las futuramente, dando continuidade a esta estranha mania de tentar, insistir e acreditar no ser humano.
Assim, eu
apenas saio de cena, sem dizer uma única palavra, pois cada um tem de mim
exatamente o que cativou , cada um oferece o que tem e, no final, ninguém perde
por dar amor, perde é quem não sabe receber.
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